Publicado em: 13/10/2022
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Em visita técnica, equipe Semente faz monitoramento de projeto que busca a preservação do cerrado

“Quando vier passear no Inhotim, tem muito espaço pra andar e pela frente, muitas coisas pra olhar.
Vai até a Mandala, onde todos podem andar, tem muitas plantas cheirosas, que podem apreciar.
Vai até o jardim do deserto, muitos Cactos vão encontrar.
Vai até ao cantinho das abelhas, elas são mansinhas e não vão te atacar.
E todos vão voltar para casa, descansar e recordar”.

Este poema foi escrito pelo jardineiro do Inhotim, Sr. Vicenti da Santa Cruz. Ele trabalha no Inhotim há dez anos e é apaixonado pelo que faz. “Sempre temos novidades aqui, sempre temos plantas diferentes. Quem vem ao Inhotim, uma vez, sempre retorna. Cuido de todas as plantas com muito amor e não tenho uma preferência, todas elas são importantes para a nossa natureza”, afirma Vicenti.

 

O cerrado é o segundo maior bioma do país, abrigo de diversos ecossistemas e biodiversidade, e é considerado um hotspot mundial – lugar de elevada riqueza natural que sofre intenso processo de degradação. Nele, são encontradas reservas de água que abastecem alguns dos rios mais importantes da América do Sul e, mesmo assim, o cerrado é altamente ameaçado e precisa de atenção.

Pensando em uma urgente solução para diminuir os impactos da ação humana e preservar este bioma, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), da Plataforma Semente e em parceria com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e com o Instituto Inhotim, realiza o projeto Ser do Cerrado, custeado com recursos de medidas compensatórias ambientais.


Nesta terça-feira (11/10), a equipe Semente esteve no Instituto Inhotim para verificar o andamento do projeto iniciado em 07 de dezembro do ano passado.

Os técnicos conheceram o Viveiro Educador, o laboratório de botânica, o jardim de cactos, a meliponicultura, o viveiro de conservação das plantas do cerrado, dentre outros. Para a supervisora do Semente, Renata Fonseca, a visita é importante para que as ações e partes do processo possam ser acompanhadas de perto. “Por meio da visita, percebemos a grandeza do projeto e de cada pedacinho desenvolvido no Inhotim. Muitos conhecimentos a respeito do cerrado são disseminados e grandes ações estão sendo demonstradas para os visitantes locais”, explica.

Segundo o analista de projeto, Davds Lacerda, a parceria do Semente com o projeto funciona muito bem, já que há um diálogo claro e alinhado entre os envolvidos. “Conseguimos nos comunicar facilmente, podendo esclarecer dúvidas e realizar um trabalho mais assertivo, sem ruídos. O grande diferencial é justamente essa comunicação alinhada, que faz com que o projeto se desenvolva de modo eficaz. Além disso, a plataforma do Semente é bem intuitiva e facilita o nosso trabalho.”

Ainda segundo ele, o monitoramento que é realizado pela equipe do Semente, por meio da visita técnica, faz toda a diferença. “Por mais que os relatórios sejam feitos da maneira mais detalhada possível, dentro do que foi acordado entre as partes, somente através desse encontro podemos apresentar os detalhes do projeto e aprimorarmos a nossa relação enquanto parceiros de trabalho”, conclui.


No que diz respeito à vegetação, importa ressaltar que cada planta tem uma individualidade. Para a bióloga Sabrina Carmo, coordenadora do projeto, um dos desafios é explicar para as pessoas que aquele grande maciço verde, de formas verdes, tem uma individualidade. “Muitas pessoas têm dificuldade de enxergar as plantas como um ser vivo, com individualidade própria, com um corpo que precisa ser respeitado. Trazemos o tema para o Ser do Cerrado e o público tem gostado de aprender sobre isso”, afirma.

 

O VIVEIRO EDUCADOR

Conforme os responsáveis pelo projeto, um dos espaços fundamentais para o trabalho do Inhotim na área ambiental é o Viveiro Educador, que conta com mais de 25.000 m² de área ambiental preservada, com diversidade de fauna e flora de biomas brasileiros, dando ênfase ao cerrado, considerado prioridade em termos de conservação por estar altamente devastado no Brasil.

Trata-se de um complexo de produção, manutenção e exposição de plantas e o “coração” do jardim botânico. Além de concentrar pesquisas científicas e atividades de manutenção dos jardins do Inhotim, o espaço é rico em possibilidades educativas. Nesse sentido, o projeto realiza um programa de educação ambiental e cultural, com ênfase na biodiversidade do cerrado.

O “Ser do Cerrado” promove diálogos sobre a importância do bioma. Além disso, torna a sua diversidade biológica conhecida e estimula o engajamento da sociedade em sua conservação. Conforme divulgado no site do projeto, o Ser do Cerrado foi planejado em quatro aspectos:

Reestruturação e Comunicação, de forma a dar visibilidade às novas estratégias de comunicação e educação, lúdicas e interativas, ao Viveiro Educador. Foram instaladas placas educativas no Viveiro com informações acerca da atuação do Ministério Público, a fim de que os visitantes possam conhecer se aproximar da Instituição;
Realização da Semana do Meio Ambiente Inhotim, em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que este ano contou com uma programação de visitas, mostra de sementes, apresentação da fauna do cerrado, roda sobre polinização, oficinas educativas, palestras, dentre outros;


Desenvolvimento de um estudo para implantação de medidas de acessibilidade no Viveiro Educador, orientado pelas normas vigentes e, por fim,
o Programa de Visitas, uma vez que o viveiro é um espaço aberto para visitantes de diferentes perfis, entre professores, estudantes e público em geral.

A coordenadora do laboratório de botânica, Nayara Mota, explicou sobre o histórico do laboratório. “Temos um banco de sementes e, dentro do projeto, buscamos as peças para compor o mostruário para a educação ambiental. Além disso, estamos produzindo mudas, porque queremos doar mais de cinco mil mudas que vivem no cerrado, para expandir a diversidade do bioma. Monitoramos e coletamos as matrizes e adquirimos algumas da rede sementes do cerrado para aumentar a diversificação”, explica.


A MELIPONICULTURA

Esse nome diferente e talvez complicado para algumas pessoas nada mais significa que a criação artesanal de abelhas sem ferrão. O projeto “Ser do Cerrado” abriga dez colmeias, de cinco diferentes espécies de abelhas do cerrado. A bióloga Sabrina Carmo ainda detalha que as colmeias utilizadas para a reprodução das abelhas foram desenvolvidas pelo meliponicultor Eurico Novi, no município de Sabará, na RMBH. “Ele desenvolveu a tecnologia e a disponibilizou na internet. Cada fatia é um andar e no seu interior há uma divisão dos espaços para as células de crias. Tudo artesanal, tudo feito a mão”, detalha.

Conforme verificou-se na visita, ao redor das colméias é realizado o plantio de mudas cujas espécies são, essencialmente, do cerrado, para que as abelhas consigam polinizar e multiplicar a diversificação tanto dos insetos, quanto das plantas.



“A visita ampliou muito o horizonte pois pudemos perceber melhor a grandeza do próprio cerrado que, muitas vezes, só conhecemos através dos livros. Através da visita, conseguimos distinguir melhor o cerrado de outros biomas. Via ações desse projeto, os visitantes podem adentrar no Cerrado e compreender a sua importância e fazer melhor essa distinção”, conclui Renata Fonseca.

 

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