Publicado em: 13/09/2022
79

Médio São Francisco é palco de projeto ambiental do Semente para a preservação de peixes em extinção

Os trabalhos são desenvolvidos em parceria entre o Instituto de Pesquisa Waita e o Ibama, e tem por objetivo a integração da população ribeirinha aos trabalhos de preservação das espécies. 



Está prevista ainda este ano mais uma visita para coleta de dados do Projeto “Os Estoques Pesqueiros e as Populações Ribeirinhas”, apresentado na Plataforma Semente, pelo Instituto de Pesquisa e Conservação Waita. A ideia foi contemplada em dezembro de 2021 e o objetivo é manter uma fonte constante de dados coletados pelos ribeirinhos sobre a situação da biodiversidade aquática e promover a educação ambiental das pessoas que sobrevivem da pesca no médio São Francisco, mais especificamente, na Vila Baiana, a um quilômetro daquele município e a coleta de dados de pesca realizada pelos pescadores. 

 

O projeto é desenvolvido em parceria com o Ibama e algumas Instituições de Ensino Superior. O Ibama é o responsável pela visita mensal de coleta de dados. Os técnicos do Semente realizaram, nos últimos dias, duas visitas ao projeto: uma no final do mês de julho e outra em agosto passado. 

 

A primeira visita ocorreu no laboratório de Acquacultura da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Na ocasião, os pesquisadores apresentaram quase oito mil amostras coletadas dos peixes entregues pelos pescadores do médio São Francisco. 

 

 

 

Segundo o analista do Ibama, Daniel Crepaldi, são estudadas quase oito mil amostras de 11 espécies reprodutivas do São Francisco: Matrinchã, Corimba, Piau, Caranha, Mandi Amarelo, Dourado, Pacamã, Surubim, Corvina, P1 e P2 - todas possuem interesse comercial. “Por meio do projeto, podemos manter uma gestão participativa dos ribeirinhos na área ambiental. Trabalhamos juntos, conversamos para tentar implementar melhorias. Aqui, estamos trabalhando a evolução reprodutiva das nove, das 11 espécies do São Francisco, com o objetivo de identificar quais são as ameaçadas de extinção, quais são as invasoras, dentre outros”, explica. 

 

Ainda conforme Crepaldi, os pescadores informam nos últimos anos que os peixes não estão vindo no tamanho e na quantidade que ocorriam. “Isso é reflexo de uma gestão equivocada do recurso natural e, por meio do projeto, vamos promover mecanismos sustentáveis de uso dessas espécies, pois, qualquer melhoria que promovemos nos estoques pesqueiros reflete diretamente no produto e na vida dos pescadores”, enfatiza. 

 

 

De acordo com a supervisora do Semente, Renata Fonseca, a visita foi extremamente importante para que os técnicos do Semente materializassem o andamento do projeto. “Verificamos que o elo entre o trabalho da população ribeirinha e o conhecimento adquirido pelos pesquisadores está sendo mantido durante a execução do projeto e, com isso, aguardamos os resultados que deverão ser elaborados entregues até fevereiro de 2024. Enquanto isso, esperamos ter contribuído para uma melhora dos estoques ribeirinhos e uma otimização da educação ambiental daquelas pessoas que sobrevivem da pesca local” afirma. 




EDUCAÇÃO AMBIENTAL E REDE DE COLETORES 

 

Em meados de agosto, os técnicos do Semente, acompanhados pelos profissionais do Ibama e do Instituto Waita, estiveram na comunidade ribeirinha Vila Baiana, no município de São Francisco, para acompanhar os trabalhos de coleta das amostras. 

 

A bióloga Paula Grandi acompanhou as conversas com os ribeirinhos, visitando os pescadores, que atuam como coletores de informações da pesca. “Os pescadores anotam em um papel o dia que vão para o rio, quantas vezes lançam a rede ou se usam outro método de pesca, quais e quantas espécies foram capturadas, a frequência de ocorrência e o tamanho. Alguns coletores também coletam o estômago dos peixes, o crânio e o DNA (através da coleta de uma parte da calda) de espécies determinadas para o estudo da biodiversidade e das rotas migratórias”, explica. 

 

Ainda conforme Paula Grandi, paralelamente, o Instituto Waitá, proponente do projeto, trabalha a educação ambiental da população ribeirinha. “Os técnicos do Waita aplicaram questionário para entender o que poderia ser feito no município para melhorar a qualidade de vida dos pescadores, de modo a manter a preservação das espécies e, consequentemente, da natureza”, conclui. 



O VELHO CHICO

 

O Rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d’água do Brasil e, conforme levantamento do site “Escola Educação”, é um dos grandes responsáveis pela irrigação do semiárido brasileiro. 

 

Medindo 3.180 quilômetros (dados de 2019), o Velho Chico, nasce em São Roque, na Serra da Canastra, Minas Gerais, percorre 521 cidades, 5 estados (MG, BA, PE, SE e AL) e deságua no Oceano Atlântico, mais especificamente, na divisa entre Alagoas e Sergipe, no Nordeste Brasileiro. 

 

 

As águas do São Francisco contribuíram muito para a economia de pequenas comunidades ribeirinhas, mas tal contribuição tem diminuído a cada ano. Conforme levantamentos de pesquisadores ligados ao IBAMA, peixes importantes vinham desaparecendo, causando preocupação tanto para as famílias que dependem desses peixes, quanto para a preservação da população peixeira.

Conforme os pesquisadores, por meio dos estudos resultantes do projeto, será possível atualizar a situação dos peixes. O relatório será entregue aos órgãos ambientais com o objetivo de equilibrar a preservação das espécies, às necessidades da população local. 

 

“Esperamos que o projeto traga resultados que possibilitem uma adequação legislativa a fim de que os textos legais sejam feito conforme a atual realidade pesqueira da região com o objetivo de que as espécies continuem a existir e os pescadores possam tirar o seu sustento, preservando o meio ambiente”, conclui Daniel Crepaldi. 

Em outras palavras, a iniciativa possibilita a inserção das comunidades tradicionais no processo de gestão ambiental, principalmente da biodiversidade aquática, no Norte de Minas.

 

 

Realizadores

Endereço

Rua Matias Cardoso, 63 - Salas 301 a 304 - Bairro Santo Agostinho, Belo Horizonte-MG, CEP: 30170-914

Contato

31 3643-7604
semente@cemais.org.br

Acesso à plataforma

      
@2024 Projeto Semente  I  Todos os direitos reservados
CNPJ: 08.415.255/0001-27

Termos de uso
Privacidade
Preferências de cookies
Desenvolvimento: