Papagaios-verdadeiros devolvidos à natureza são monitorados em Jaboticatubas

Projeto Voar chega ao 9º mês de monitoramento das aves, desde a soltura na zona rural do município em janeiro deste ano. Orientações de educação ambiental em escolas municipais envolvem população da região

Cada animal devia viver no seu próprio habitat natural, onde ele se sente melhor. O pensamento é quase óbvio, mas não é o que acontece na prática, especialmente com os papagaios-verdadeiros, cuja espécie é a Amazona aestiva. Nessa terça-feira (13/09), a equipe do Semente visitou o Projeto Voar, em Jaboticatubas-MG, para acompanhar o monitoramento de alguns exemplares do papagaio após soltura na zona rural do município, no último mês de janeiro.

O papagaio-verdadeiro é considerado o psitacídeo mais capturado em escala global, segundo o Instituto de Pesquisa Waita, proponente do projeto. Fazem parte do grupo dos psitacídeos, além dos papagaios, aves como as araras, periquitos e calopsitas. Após o recebimento de mais de 20 animais em novembro do ano passado, a maioria cativos, foi realizado um treinamento anti-humanos antes de eles serem soltos na natureza. Hoje, alguns deles já são vistos inclusive em pares, voando livremente, lembrando que o período de acasalamento se aproxima junto ao fim do ano.

Na fase atual do projeto, que entrou no 9° mês de monitoramento desde a soltura, oito papagaios seguem com um colar de localização, que avisa sonoramente o portador da “antena” a uma proximidade superior a 1 km. Alguns colares foram retirados por questões de saúde ou voo, enquanto outros animais foram predados ou se dispersaram. Já a alimentação oferecida pelos integrantes do projeto em copas de árvores está mais esparsa durante a semana, uma vez que eles devem aprender a utilizar da melhor forma os recursos naturais disponíveis. A ideia é que o “desmame” seja feito o mais breve possível.

“Esse projeto está nos ensinando melhor a como monitorá-los pensando na ocupação do ambiente, ou seja, aumentando o espaço de vida deles na região do cerrado. A parte de predação também tem sua relevância, já que os animais tendem a vir de cativeiros e exigem um cuidado redobrado”, pontua o diretor-presidente do Instituto Waita, Wander Mesquita. Além dele, acompanharam os representantes do Semente nessa visita de campo a bióloga e coordenadora-científica, Regiane da Silva, e a estudante de Biologia e bolsista do projeto, Maria Isabel Rodrigues.

Educação ambiental nas escolas

Antes e depois desse monitoramento dos papagaios-verdadeiros, os integrantes do Waita ofereceram aulas de educação ambiental para crianças entre 10 e 11 anos na Escola Municipal Geralda Isa Lima Rodrigues, no centro de Jaboticatubas. De acordo com o diretor Wander Mesquita, esse trabalho deve ser contínuo, tanto para a população vizinha à área de soltura das aves quanto nas escolas do município e de São José da Serra. “O envolvimento da parte humana é importante justamente para no futuro a gente não ter que soltar papagaio, ou seja, não haver a captura”, resume.

As orientações teóricas em sala de aula foram seguidas por um breve passeio guiado nos arredores da escola, para o avistamento de aves locais. Sobre esse compartilhamento às comunidades, após o desenvolvimento das técnicas de manejo ao monitoramento dos psitacídeos nos últimos meses, a supervisora pedagógica da Escola Municipal, Laudy Pedrosa, afirma: “A consciência ecológica que as crianças adquirem contagia. Os adultos podiam receber o aprendizado com o mesmo entusiasmo – como quando um aluno disse que passarinho não foi feito para viver preso em gaiola, enquanto pode voar livre na natureza”.

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Semente

A Plataforma Semente é uma iniciativa do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA) do MPMG, em parceria com o CeMAIS, para recebimento de projetos de relevância socioambiental apresentados por instituições do terceiro setor, iniciativa privada e poder público, com a utilização de uma plataforma virtual com amplo acesso em todo o Estado. No Instagram: @novosemente.

Texto: Lucas Rodrigues

Fotos: Lucas Rodrigues e Carolina Bordignon