Publicado em: 14/09/2023
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Aluguel solidário: uma razão maior para sorrir

Pessoas em situação de rua recebem acesso a moradias como primeiro passo às demais políticas sociais. Equipe do Semente visitou indivíduos contemplados recentemente junto à Pastoral Nacional do Povo da Rua, proponente do projeto

O que pode ser mais importante do que ter um espaço próprio para morar? Se essa pergunta for feita ao Eduardo, à Lara ou à Maria da Conceição, eles certamente responderão que nada. Nessa quarta-feira (13/09), a equipe do Semente visitou três moradias ocupadas recentemente por pessoas que estavam em situação de rua. Elas foram selecionadas pelo projeto “Aluguel Solidário”, da Pastoral Nacional do Povo da Rua, contemplado por meio da Plataforma em janeiro deste ano.

O projeto é baseado em um modelo inovador conhecido como Housing First, que visa desenvolver a autonomia e protagonismo da população em situação de rua, oferecendo uma moradia segura e ambientalmente saudável. O aluguel é solidário e inclui um banco de mobília, além de envolver o acompanhamento psicossocial do morador por meio da rede pública, entre outras articulações.

“Inicialmente, realizamos um contrato individual de um ano com cada morador, então as contas de água e luz saem com o nome deles. Isso garante o comprovante de endereço, que facilita no acesso aos serviços públicos, aos estudos... Já quando a pessoa está em situação de rua, é tudo mais complexo nesse sentido”, explica a coordenadora do projeto, Sandra Meira. Ela lembra que a proponente assume a responsabilidade financeira do aluguel, custeado com os recursos destinados à proposta, junto aos locatários.

O primeiro destino da equipe do Semente com integrantes da Pastoral, na tarde de ontem, foi a casa de Eduardo Pereira, no bairro Asteca, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A localização do imóvel foi um pedido do próprio Eduardo, já que a família que ele tenta reaver o melhor contato mora a algumas quadras dali. Sua seleção pelo projeto aconteceu após encaminhamento via Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua.

Desde junho no espaço próprio, após um período nas ruas e maior exposição às drogas, Eduardo enaltece a oportunidade de “caminhar novamente”, nas palavras dele. “Das ruas fui para um abrigo, e não é a mesma coisa. Aqui, só consigo pensar em coisas boas, trabalhar para seguir em frente”, disse. Atualmente, ele é baleiro em diferentes pontos da cidade e conta já ter recebido visitas da filha e de irmãos, inclusive de uma que mora no Rio de Janeiro e "chegou para se hospedar".

Casa e vida novas

De Santa Luzia, o destino seguinte foi o bairro Maria Goretti, na zona leste da capital. Desde julho, a anfitriã da moradia é Lara Gomes de Souza, que passou em torno de seis anos nas ruas. Antes da casa nova, Lara vivia em uma ocupação onde o uso de drogas era constante por parte de outros indivíduos. Como ela estava em recuperação, não via a hora de mudar de ares. “Nem quando morei em uma casa no Rio senti tanta satisfação como agora. É tão bom saber que vou ter um canto para a janta, deitar, dormir. Acordar de manhã e pegar o ônibus com os vizinhos”, relata.

Após vencer seu contrato no Centro de Defesa, ela está em busca de um novo emprego. Assim como Maria da Conceição Alves, moradora do Bonfim desde agosto após passar cerca de quatro meses nas ruas. Ela conta que foi encaminhada ao projeto por meio de um serviço de acolhimento da Pastoral no próprio bairro. E agora está feliz, aproveitando o tempo de morar sozinha para fazer três cursos, um deles de agroecologia. Recentemente, fez até uma trilha associada a uma proposta contemplada via Semente. “O acesso ao transporte público é fácil e me leva onde preciso, inclusive quando volto à noite. Tem posto de saúde próximo, comércio, o proprietário do imóvel é atencioso comigo”, elenca.

Nos novos lares de Eduardo, Lara e Maria, móveis e utensílios diversos como camas, colchões, fogão, máquina de lavar, jogo de panelas, armários, pratos e botijões de gás representam doações ao projeto, mobiliando posteriormente as casas alugadas. Para outras informações sobre o “Aluguel Solidário - Uma Possibilidade de Moradia Primeiro para a População em Situação de Rua em Belo Horizonte”, CLIQUE AQUI.

Semente

Plataforma Semente é uma iniciativa do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA) do MPMG, em parceria com o CeMAIS, para recebimento de projetos de relevância socioambiental apresentados por instituições do terceiro setor, iniciativa privada e poder público, com a utilização de uma plataforma virtual com amplo acesso em todo o Estado. No Instagram: @novosemente.


Texto: Lucas Rodrigues

Fotos: Lucas Rodrigues e Aline Bastos

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