Publicado em: 13/02/2025
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De volta à natureza: tamanduá-bandeira é solta na Serra do Cipó

Resgatada ainda filhote, Araçá foi cuidada e reabilitada por meio do projeto "Bicho Solto"

A semana foi de alegria, emoção e uma nova vida para a Araçá. A descontraída tamanduá-bandeira, fêmea de um ano e nove meses, voltou a viver em liberdade por meio do projeto "Bicho Solto - de volta à natureza". Sua soltura, depois de um processo de cuidado e reabilitação superior a um ano, foi festejada pelos integrantes do Instituto Waita, proponente do projeto, e por representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF), IBAMA e ICMBio, além do Semente, que acompanharam todo o processo e estiveram na sede do Parque Nacional da Serra do Cipó na última terça-feira (11).

Equipada com um colete de controle, que conta com transmissores GPS e VHF, Araçá está em estágio final de maturação sexual, que chega aos dois anos. A soltura branda, que ocorreu na noite do dia 11, não significa o fim do monitoramento dos seus passos: pelos próximos 30 dias, ela ainda receberá alimentação suplementar no viveiro em que residiu pelos últimos cinco meses, que fica com o portão aberto para que possa entrar e sair quando quiser.

Depois deste período inicial, a ideia é de que a tamanduá explore o território e viva de forma independente. Os transmissores funcionam por dois anos, e durante este tempo os pesquisadores do Instituto Waita e IEF/IBAMA fazem o acompanhamento via GPS, registrando seus movimentos para a coleta de dados e atuando somente em situações de perigo – caso ela se aproxime de rodovias ou fazendas próximas à região.

Uma equipe de reportagem da TV Globo acompanhou o último dia da tamanduá-bandeira no viveiro da Serra do Cipó, e o material foi veiculado no Jornal Hoje desta sexta-feira (14), revelando o trabalho de adaptação para que Araçá viva livre na natureza.

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Primeiros passos em liberdade

O primeiro dia livre do animal foi movimentado. Durante a madrugada de quarta-feira (12), Araçá chegou a rondar o alojamento que fica na portaria do Parque, farejando as portas e circulando em volta da casa. Pela manhã, no entanto, o sinal de rádio indicou que ela atravessou o riacho próximo ao viveiro e passou a conhecer a área, como explicou o biólogo e presidente do Waita, Wander Mesquita.

"Chegamos pela manhã no recinto e o sinal indicava a direção do viveiro, mas não a encontramos. Atravessei o riachinho procurando e fiquei com medo até de pisar nela, pois o sinal estava intenso. Quando olhei, ela estava em uma caverninha de mata, bem aquecida, dormindo. Subi o morro e ela não acompanhou. Durante a noite, teve bastante atividade, pois os cupinzeiros estavam mexidos. Ela se movimentou mais de quatro quilômetros nesta primeira noite, e temos o registro das câmeras trap de quando ela come ou passa próxima ao recinto", disse Wander.

Resgatada ainda filhote em maio de 2023, em uma fazenda no município de Pompéu, Araçá foi levada para o CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) do IBAMA em Divinópolis, onde permaneceu por cerca de uma semana até ser transferida ao CETAS de Belo Horizonte. Em outubro, a tamanduá foi para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) em Barão de Cocais, onde continuou o processo que a levou à soltura: passou a viver sozinha em um recinto de 370m², com espaço para se movimentar de maneira mais adequada.

Acostumada a conviver com humanos desde novinha, Araçá precisou conquistar sua independência na reabilitação. Sua alimentação era colocada diariamente no recinto de forma discreta, sem contato, para que ela se habituasse com o isolamento. Em setembro de 2024, foi transferida para o Parque Nacional da Serra do Cipó, em um viveiro ainda maior, de 500m², e ficou nele até esta semana, quando voltou à liberdade total.

Nos próximos meses, o espaço ocupado por Araçá será aproveitado para a fase final de reabilitação de outros animais que integram o "Bicho Solto", iniciativa contemplada via Semente em 2022 e iniciada no ano seguinte.

 

Texto e fotos: Francisco Luz/Semente

Edição: Lucas Rodrigues/Semente

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