Publicado em: 04/06/2025
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De Minas para o mundo

Diante do recente reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Humanidade aos modos de fazer o Queijo Minas Artesanal, projeto contemplado via Semente chega à 8ª edição de fórum dedicado a esse saber secular

Diante de um fato relativamente novo, a velha piada vem à tona: o mineiro, ao encontrar o gênio da lâmpada e ser intimado a fazer três pedidos, titubeou e só não pleiteou três belos queijos, “somente” dois, por vergonha ou não saber que poderia. Queijo Minas, Queijo Canastra, queijo de Araxá, queijo. Das Vertentes. Em se tratando de Minas Gerais, o estado com o maior número de municípios do país, o indivíduo dificilmente não verá a mínima referência ao alimento, pelo menos na maioria deles. Mas, em dezembro passado, as "fronteiras se expandiram" ainda mais e o modo de fazer o Queijo Minas Artesanal foi reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Em 1º de outubro, dois meses antes de representar o primeiro produto alimentício brasileiro relacionado ao título, teve início projeto contemplado via Semente pela "Promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal". De lá para cá a iniciativa proposta pelo Instituto Periférico apresentou um fórum de escuta e discussão para oito cidades mineiras, sendo a mais recente São João del-Rei, que contou com a presença de integrantes da equipe multidisciplinar do Semente. No roteiro, restam dois destinos de um total de dez: Santa Rita de Jacutinga, pela Serra do Ibitipoca (06/06), e São Roque, na Canastra, concluindo o itinerário.

A ideia é levar a representantes dos 106 munícipios mineiros listados diretamente no projeto, que fazem parte das dez microrregiões queijeiras, engajamento e mapeamento de possíveis parceiros. Ainda, avançar na difusão e promoção do bem cultural, oportunizando a troca de experiências e reforçando o senso de comunidade. Em São João, na última terça-feira (03/06), a coordenadora do projeto, Luciana Praxedes, lembrou que o patrimônio não é o produto em si, mas os saberes. “São aqueles conhecimentos, aquelas técnicas muitas vezes transmitidas de geração para geração, e que se perpetuam”, resumiu na abertura do encontro.

Escuta e debate

Após breve introdução das principais motivações do evento aos presentes no anfiteatro do campus Santo Antônio da Universidade Federal (UFSJ), incluindo ainda falas de representantes do Iphan e da Emater-MG, os cerca de 35 participantes, entre produtores locais, foram divididos em dois grupos de discussão na área externa do auditório.

Ao promover debates sobre os desafios e as oportunidades no cenário atual, o “Fórum de Escuta e Discussão” buscou fortalecer a união entre os diversos atores envolvidos na cadeia produtiva. Um convite à colaboração, portanto, já que a valorização da identidade cultural mineira e o impulso à economia local foram objetivos compartilhados.

A importância do evento para o pesquisador da Epamig, Daniel Arantes, foi reunir os vários atores envolvidos nessa cadeia para não somente abordarem as oportunidades e desafios, como também fazerem propostas. “Deu para ver que há uma peculiaridade grande desta reunião, com características únicas, então é fundamental fazer um trabalho com o consumidor para ele de fato entender o que significa ‘Minas Artesanal’ e como tal marca agrega valor na maturação, sabores, tradição, ajudando no desenvolvimento da região”, acrescentou Arantes.

Apoio para abranger regiões

Por fim, a coordenadora Luciana Praxedes ressaltou a relevância do apoio e fomento para viabilizar projetos como este, em que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) destinou recursos de medidas compensatórias via Plataforma Semente, por meio da fase 3 do Programa Minas para Sempre. Sem isso, segundo ela, o proponente pode encontrar dificuldades de ir a campo e ouvir os reais detentores do saber – os produtores do Queijo Minas Artesanal.

“Também, precisamos entrar em contato com os demais agentes de patrimônio, que são os extensionistas da Emater, comerciantes, a comunidade em geral, instituições como prefeituras, órgãos de fiscalização... Então, sem esse tipo de apoio dificilmente iremos a campo para ouvir esses produtores e levantar suas demandas. Porque consolidar toda essa rede de informações ajuda a fundamentar a proposição e execução de políticas públicas”, concluiu Luciana.

Semente conecta o MPMG à sociedade, em parceria com o CeMAIS, viabilizando iniciativas transformadoras que beneficiam as pessoas e o meio ambiente. Ele é uma alternativa segura, democrática e transparente para que os Promotores de Justiça possam destinar recursos advindos de medidas compensatórias ou indenizatórias a projetos de relevante interesse socioambiental e que proporcionem resultados para toda a sociedade. No Instagram: @novosemente.


Texto e fotos: Lucas Rodrigues/Semente

Fotos: Thiago Souza/Semente e Felipe Muniz/Instituto Periférico

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